| O Reviewer | Diário de Gameplay |
| Ryu nunca jogou Granblue Fantasy de navegador ou os de luta. Para se introduzir ao universo do jogo, assistiu o anime. RPG de ação é seu segundo subgênero favorito. Considera a jogabilidade de Final Fantasy VII Remake o molde perfeito. | Tempo de jogo: 60 horas. Terminou o jogo: Sim. Conteúdo adicional: Concluiu a história do pós-game e fez 90% das missões. Mais informações: Completou 60% dos troféus, pegou level 100 com seu personagem principal e elevou uma arma ao nível máximo. |
A Cygames, a desenvolvedora por trás de Granblue Fantasy, adotou uma abordagem diferente dos padrões da indústria. Enquanto muitas empresas lançam inicialmente suas franquias em consoles ou PC e depois as portam para dispositivos móveis, ela fez o oposto. Granblue Fantasy é um fenômeno móvel e de navegador no Japão – que buscou expandir sua presença para plataformas dedicadas a jogos, começando por jogos de luta e agora uma iteração gloriosa de um RPG de ação em Granblue Fantasy: Relink.
Granblue Fantasy: Relink é um JRPG da cabeça aos pés. Iniciamos uma aventura caçando goblins e logo estamos prevenindo um apocalipse. O poder da amizade e palavras motivacionais são forças motrizes frequentes entre os aliados. Em toda oportunidade, nossos personagens repetidamente gritam os nomes de suas habilidades. A estética colorida, uma mitologia e construção de mundo concisa e criativa, e uma trilha sonora que não deixa nada a desejar são ingredientes que tornam Granblue Fantasy: Relink um genuíno JRPG. Mas, mais importante ainda, é que o resultado de todos esses elementos o transformou em um jogo extremamente competente, envolvente e muito divertido.
O Vasto Mundo de Granblue

Como disse anteriormente, Granblue Fantasy é um JRPG para celulares e navegadores de 2014. Não teve um lançamento global, mas possui uma tradução em inglês para quem estiver interessado. Eu nunca joguei essa versão, mas aqueles que jogaram dizem que o jogo é incrível, com um elenco de personagens espetaculares, uma construção de mundo invejável e uma narrativa que continua se expandindo até hoje.
Eu gosto de um jogo gacha cá ou lá, mas nunca me interessei por jogar Granblue. Só que, depois que vi os primeiros trailers de Relink, fiquei extremamente curioso e quis me preparar um pouco. Para isso, eu assisti o anime do jogo, e foi uma ótima introdução, já me apresentando a mitologia e os personagens principais da obra. Talvez eu nem precisasse, já que Relink tem um sistema de Glossário que pode ser ativado durante o diálogo, explicando várias terminologias do jogo – semelhante ao sistema ATL de Final Fantasy XVI e, gente, tô adorando todos os jogos que incorporam essa mecânica.
O cenário de Granblue Fantasy se passa no Mundo dos Céus, em vastos arquipélagos flutuantes chamados Espaços Celestes, ou Skydoms. Temos uma tripulação de aeroviajantes, capitaneada por Gran ou Djeeta – varia se você escolher o protagonista masculino ou feminino – juntamente de um elenco fixo de personagens. A tripulação navega de ilha em ilha, enfrentando criaturas gigantes chamadas Bestas Primais enquanto tentam encontrar o caminho para Estalucia, a Ilha dos Astrais.

A história de Granblue Fantasy: Relink acontece em Zegagrande, um espaço celestial criado para o jogo que também introduz novos personagens vistos apenas aqui. A melhor analogia é que essa obra se comporta como um filme de anime; ela envolve vários personagens conhecidos, apresenta alguns novos, mas ainda é uma história paralela que não deve afetar a canonicidade do trabalho original.
Na tripulação, há Lyria, uma garota que pode controlar as bestas primais. No começo do jogo, ela perde o controle de Bahamut, um magnífico dragão – sim, mesmo nome e soberania. Em um frenesi, Bahamut ataca o dirigível da tripulação, e eles são obrigados a pousar na ilha mais próxima, no arquipélago de Zegagrande. É aqui que a jornada começa.
A história apresenta um tom fantástico que se expande gradualmente, atingindo alturas épicas. Embora a trama seja um tanto simples com um desenvolvimento e conclusão comuns em outras obras – especialmente vista em animes shonen – ela é sustentada por uma escrita espetacular e uma narrativa envolvente que a torna mais grandiosa, mesmo que os personagens secundários estejam lá apenas para apoiar o elenco principal ou agir como porta-vozes do nosso protagonista silencioso. E o melhor de tudo, todos os textos estão localizados para o PT-BR e a qualidade tá o fino do fino. Várias vezes precisei procurar o significado de algumas palavras como celícola ou selenita.

Ao longo dos capítulos, o jogo vai apresentando inúmeras cenas de ação empolgantes num estilo de anime colorido e dramático, enquanto uma trilha sonora imponente e enérgica acompanha cada batida da história. As canções casam bem com cada bioma e cenário, como também na urgência da missão. Aquele tintilar agudo e místico para uma caverna de gelo e uma música clássica com raízes no latim para o chefe final. Para aqueles dedicados exclusivamente a desfrutar da história principal, espere investir 20 horas, mas são horas muito bem gastas.
Granblue Fantasy: Relink tem quase 20 personagens jogáveis. Aí entramos num percalço quanto a eles e o modo história. Com tanto personagem assim, como eles se encaixam no desenrolar da quest principal? Aí que tá, não se encaixam. Apenas aqueles habilitados desde o início aparecem nas cenas. Lembra quando a gente recrutava Yuffie e Vincent em Final Fantasy VII, mas por serem opcionais eles nunca participavam diretamente da história? Então, é a mesma situação. Mas fique tranquilo que dá pra utilizar os secundários nas batalhas da história principal.
Antecipando essa exclusão e impedindo que os personagens adicionais não fossem bem aproveitados, a Cygames apresenta uma mecânica chamada Episódios do destino. Cada personagem tem até 11 episódios. Começa contando quem são eles, depois o porquê eles entraram na nossa tripulação e então inicia uma história autêntica para o jogo. O formato desses episódios do destino é de um conto, uma novelinha. É um texto sob um fundo estático narrado pelo dublador do personagem correspondente.

E embora isso pareça chato, é aqui onde a escrita brilha ainda mais. Sério, é qualidade de livro de fantasia parrudo mesmo, com um storytelling impecável. A descrição das cenas é uma aula da famosa máxima de escrita “mostre, não conte”. Para quem quer conhecer melhor algum personagens secundários, os episódios do destino são perfeitos e extremamente bem elaborados, dando aquele sentido de pertencimento aos personagens que pareciam ter sido negligenciados. Além disso, cada episódio dá bônus para atributos e mais espaço para selos, então vale a pena ver mesmo se você for pular tudo – mas não pule, por favor.
Combate Fácil de Aprender, Fácil de Dominar
Granblue Fantasy: Relink é tão tradicional quanto se pode esperar de um RPG de ação. Podemos atacar, defender, esquivar e usar habilidades, misturando tudo isso durante qualquer encontro contra inimigos. Cada personagem pode ter até oito habilidades, mas só pode trazer quatro para a batalha, permitindo diferentes builds dependendo do contexto.

As lutas contra chefes são, sem dúvida, o destaque do jogo. Algumas são excessivamente criativas e imitam a jogabilidade de MMOs, marcando o chão com a área de efeito de um ataque subsequente e nos dando tempo para nos prepararmos. Algumas fases também apresentam um sistema de travessia diferente. Nada muito elaborado, mas ajuda como um tira gosto. A jogabilidade valoriza a simplicidade, mas consegue ser detalhada ao mesmo tempo, com muitas outras mecânicas apoiando.
As armas têm diferentes atributos e podem ser evoluídas e aprimoradas. Há uma mecânica de árvore de habilidades chamada Maestria, que faz exatamente o que uma árvore de habilidades deveria fazer, ensinando novas habilidades ou aumentando atributos. E, finalmente, o sistema de Sinais, que é a forma mais básica de equipamento e fornece uma série de status diferentes, desde um simples aumento de ataque até um acréscimo no tempo de invulnerabilidade após uma esquiva perfeita. Existem cerca de 40 Sinais, e quanto mais do mesmo tipo você equipa, maior e melhor o efeito.
Passei horas e horas criando uma build para meu personagem principal. Às vezes, me concentrava em aumentar o ataque para matar os inimigos mais rapidamente. Em outros momentos, na vida, porque eu que estava morrendo muito rápido. Mais tarde, misturei um sinal de Drenagem de HP para me resguardar enquanto machucava o inimigo, mas decidi levar também um dano de atordoamento porque um inimigo atordoado não pode me machucar.

E essa personalização e mecânica de árvore de habilidades se estendem a todos os personagens. Cada um tem seu estilo único e autêntico com jogabilidade variada, mas muito divertida. Sim, você provavelmente vai gostar mais de um do que de outro, mas a opção de diversificação está lá. Cada personagem tem um elemento, útil ao enfrentar um inimigo fraco contra ele e bem essencial de se considerar ao enfrentar chefes nos níveis mais difíceis. É nesse dinamismo e rotação de personagens que Granblue Fantasy: Relink brilha. Como meu personagem por fim se tornou um canhão de vidro, criei minha equipe com um curandeiro, um tanque e um focado em atordoamento, uma sinergia bem interessante. Por sorte, os membros controlados pela IA são relativamente espertos e entenderam minha estratégia.
O jogo tem sidequests e missões. As sidequests são rápidas e fáceis de resolver. Você fala com um NPC, e eles vão pedir para você caçar um monstro ou entregar itens, e você o faz, depois coletando a recompensa. Sem enrolação, sem textão, é só um botão e plau. Já as missões são o conteúdo projetado para manter o jogador envolvido após o término da história principal. Elas variam de matar criaturas, proteger uma área a enfrentar um chefe. Em sua totalidade, recebemos recompensas variadas, como materiais para evoluir armas e Sinais, além de experiência, dinheiro e pontos de maestria. Foi aqui que senti que a Cygames colocou tudo o que aprendeu trabalhando no clássico Granblue Fantasy ao longo dos anos.
O ciclo de jogabilidade lembra muito um jogo de celular. Faremos missões repetidamente para coletar materiais e pontos de maestria para fortalecer nossas armas e nossos personagens. Depois de atingir o level máximo da arma, o jogo lança mais uma funcionalidade e desbloqueia mais missões, com recompensas melhores e exigindo muito mais grind. Cinquenta horas depois, e eu ainda estava desbloqueando novas criações e isso me dedicando em só um personagem, ein? Meu grupo principal ficou forte, todos no level 100, enquanto os de fora ficaram no level 60. Pra ser sincero, o grind não é tão pesado assim caso você se dedique em poucos personagens. Mas se for investir em vários, aí planeje uma temporada inteira em Relink. Entretanto, na campanha tudo acontece naturalmente; não é necessário farmar em momento algum.

Só que tem um pequeno porém. As missões são separadas desde o nível fácil até o nível insano. Por mais que o jogo tente diversificar as batalhas, no fim, elas são as mesmas. Espere enfrentar o chefes repetidos cinco, dez, até vinte vezes. Quanto maior a dificuldade, maior a duração da batalha. É o famoso endgame, então isso é algo de se esperar, não é? E com tantos personagens para escolher, por mais que as batalhas sejam idênticas, a dinâmica pode mudar. Eventualmente o seu personagem principal fica tão forte que farmar materiais mais básicos se torna extremamente fácil.
Para tentar reverter essa facilidade, há as partidas rápidas no multiplayer. O multiplayer é oriundo dos moldes de Monster Hunter. Você entra no modo online, escolhe uma missão e pede para procurar um grupo, aí aguarda o pareamento. Contudo, tem um sistema de missão rápida que fornece uns emblemas de ouro usados na troca dos melhores itens. O sistema missão rápida te coloca aleatoriamente em qualquer uma das missões que você tem liberada, o que facilita o pareamento com outros jogadores. Só que o sistema equilibra o seu poder para ficar no nível da missão. Eu tava no level 100 e o jogo me botou numa missão level 8. Eu não reparei que tinha ido de 20k de HP para 200. Morri pro boss inicial na minha negligência. Isso é divertido porque eleva o desafio e ainda nos premia com uns itens bons, mas se cair numa missão de nível difícil ou insano, se prepare para sofrer no inferno por longos e duradouros minutos.
Conclusão
Eu amei Granblue Fantasy: Relink, sinceramente. É um jogo completamente bem executado e redondinho. Simples, mas agradável. Não houve uma coisa que eu não gostasse. Me diverti do começo ao fim e sei que continuarei o aproveitando com meus miguxos no modo online.
Mas ao mesmo tempo, só queria avisar que eu fui mais subjetivo do que o normal na escrita, mesmo sabendo que todas as reviews são inteiramente pessoais. Isso porque sou uma pessoa fascinada pela progressão infinita de números, esse status porn. Adoro ver meus personagens ficando fortes, causando danos na casa dos milhões e derrotando chefes em menos de um minuto.
Toda vez que jogo um RPG, a história principal fica muito fácil porque dedico meu tempo a fazer todas as missões secundárias possíveis, me fortalecendo além do necessário e atropelando qualquer inimigo, Xenoblade sabe bem disso. Então saiba uma coisa: Granblue Fantasy: Relink tem uma vida curta para o jogador casual que só quer se dedicar à história principal. 20 horas e pronto, tchau e benção. Mas para aqueles que, como eu, querem elevar o poder de seu grupo ao infinito, então Relink se torna um prato cheio com intermináveis momentos de diversão.
Uma chave do jogo para PlayStation 5 foi concedida pela Cygames.

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