O PlayStation 1 da Sony, saudosamente conhecido como PSX, foi um imã para jogos de interpretação de personagens de alta qualidade. Uma era de ouro, por assim dizer. Foi jogando e vivendo dentro de seus mundos, absorvendo-me em suas histórias intricadas, que desenvolvi uma verdadeira apreciação pela arte contada através do video game.

Agora, mais de 30 anos após o lançamento original do PlayStation, venho aqui relembrar os melhores RPGs que o console tem a oferecer. A classificação destes clássicos eternos será uma fonte de debate eterno, mas não há como negar que cada um dos dez jogos merece um lugar cobiçado na lista, que, devo adicionar, não está em nenhuma ordem específica.

Final Fantasy Tactics

Final Fantasy Tactics exige atenção tanto nas batalhas quanto na trama. Imerso em intriga e traição, o jogo aborda temas como religião e política em uma narrativa onde seu verdadeiro herói foi apagado dos anais da história.

Alerta de spoiler, o herói é nosso protagonista Ramza Beoulve. Este amado RPG entrelaça estratégia em seu gameplay enquanto você navega por campos de batalha baseados em grade, contando com seu grupo e suas miríades de habilidades específicas dos Jobs mais icônicas da franquia Final Fantasy.

Não é um jogo atraente para novatos ou despreparados. Final Fantasy Tactics vai te punir e se deleitar enquanto o faz. Mas aqueles que aguentarem as fases iniciais punitivas serão recompensados com um tesouro que há muito compensa as frustrações quanto à escadaria de dificuldade.

Breath of Fire IV

A dualidade é o foco principal da trama no quarto jogo da série draconiana da Capcom. Por um lado, temos Ryu (eu!), o protagonista ingênuo que confia nos humanos porque as circunstâncias o apresentaram a uma boa companhia. Do outro lado, Fou-Lu, que vê sua fé na humanidade despedaçada sempre que considera dar uma segunda, terceira ou quinquagésima chance às pessoas comuns.

Jogar como um observador onisciente e manter a calma diante dos eventos em andamento faz você colocar os fatos da história em uma balança e sentir sua consciência pesada quando o jogo lhe oferece uma decisão crucial, confirmando que o único elo humano de Ryu – e o nosso – são seus companheiros de aventura, em um mundo que não os merece.

Breath of Fire IV apresenta um combate clássico por turnos no qual controlamos seis membros do grupo em batalha, com três na frente e três dando suporte atrás, podendo alternar entre eles a cada rodada. Um sistema de combo permite que magias lançadas sequencialmente gerem outras mais poderosas e as transformações dracônicas de Ryu temperam o combate com o gostinho icônico da série.

Star Ocean: The Second Story

Star Ocean sempre teve o talento de mesclar fantasia e ficção científica sem ignorar o lema “nunca traga uma faca para uma briga de tiros”. Você escolhe jogar como Claude ou Rena e as interações, desfechos e personagens mudam dependendo do protagonista. Eventualmente, seus caminhos se cruzam para salvar o mundo.

Embora a trama seja muito preto e branco, Star Ocean: The Second Story inovou adicionando interações individuais com os membros do seu grupo que alteram sutilmente o final do jogo (com mais de 80 variações!). Alguns personagens se juntam ao grupo se você dispensar outro, dando-lhe mais motivo para repetinar a jogatina após sua conclusão.

O combate é oriundo da ação, mas não depende de apertar botões sem pensar. No campo de batalha, nosso personagem se move livremente desencadeando habilidades enquanto seus membros do grupo agem de acordo com as táticas emitidas. O sistema de habilidades e customização é robusto e, à medida que uma habilidade aumenta, também o fazem os atributos de seus personagens e você aprende especialidades muito úteis para quem ousa desbrava a mecânica de criação de itens.

O jogo foi tão amado que recebeu um remake recentemente intitulado Star Ocean The Second Story R. Essa nova versão pega o que já era bom e o torna bom demais! Você pode conferir minha review após o 100% do jogo no YouTube.

Castlevania: Symphony of the Night

Muitos não consideram Castlevania: Symphony of the Night como um RPG. E, sinceramente, eu já discuti tanto se um jogo X ou Y deveria se enquadrar no gênero que cansei, e hoje em dia eu prefiro adicionar, do que remover. Então quer falar que seu queridinho é um RPG? Fale. Não contestarei.

Isso porque Castlevania: Symphony of the Night é espetacular e só merece elogios, sem debates. Na pele de Alucard, filho de Dracula – e um palíndromo para esse – invadimos o castelo de seu pai, que agora está habitado por Shaft, um antigo feiticeiro. O intuito de Alucard é descobrir porque o castelo retornou, mas no caminho ele encontra Maria, que pede ao protagonista para que salve Richter.

A jogabilidade é essencialmente um Metroidvania, oras bolas. Alucard empunha diversas armas para enfrentar os mais variados monstros e chefes, enquanto pode conjurar magias ou se transformar em morcego ou lobo. A cada novo artefato adquirido, uma nova passagem se abre nesse castelo com um mapa interconectado, reforçando o âmago de um Metroidvania. A exploração é potencializada por uma trilha sonora duradoura que permeia a playlist daqueles com um refinado senso musical.

The Legend of Dragoon

Burning Rush! Aqueles que evoluíram todas as Additions ao nível máximo dormiram com a voz de Dart em suas cabeças por meses, sem dúvida. O sistema de batalha em The Legend of Dragoon ostentava uma mecânica de combo e a cada botão pressionado no momento certo, o combo se estendia e uma narração irritantemente repetitiva indicava o sucesso. Ok, não era tão irritante.

A batalha foi um dos destaques de design do jogo. Eventualmente, cada personagem aprendia a habilidade de se transformar em um Dragoon, corroborando com o título homônimo e ascendendo a um patamar de lendas.

Jogamos como Dart, um guerreiro que volta para encontrar sua aldeia sendo atacada e sua amiga de infância sequestrada. Galante como a maioria dos protagonistas, ele embarca em uma aventura para salvá-la e tem sucesso, mas tropeça sem intenção em um poder lendário disposto a destruir o mundo. Até hoje, seus fãs clamam por uma remasterização, enquanto tudo que recebeu foi um port para consoles atuais, mas com sistema de troféus.

Final Fantasy VII

Se eu não colocasse Final Fantasy VII na lista, acho que o Erik me agredia com um Braver após materializar sua tatuagem de Buster Sword (obtive sua permissão para a menção). Inegavelmente Final Fantasy VII foi uma revolução para os JRPGs em escopo global, lançando-os completamente no reino do 3D, e colocando a franquia no radar de muitos, mas muitos jogadores.

Em Final Fantasy VII, jogamos como Cloud, um ex-SOLDIER transformado em mercenário eco-terrorista com uma memória nebulosa de seu passado turbulento. Ao lado de um elenco memorável de personagens caricatos, os vemos passar de tentativas de frustrar uma grande corporação para lutar contra um megalomaníaco de juba prateada em busca de divindade, um tropo de JRPG talvez clichê no oriente, mas de certa forma inédito ao ocidente. A transição de 2D para 3D foi monumental para a série, permitindo que os tecnomagos da SquareSoft conjurassem cinemáticas envolventes com as quais contar sua saga.

O sistema de batalha ATB (Active Time Battle) de Final Fantasy retornou mais uma vez e, embora os membros do grupo tivessem proficiências de armas predefinidas e Limit Breaks, ainda podiam ser personalizados usando o gratificante sistema de Materia do jogo.

Final Fantasy VII não é só o mais querido da série, como provavelmente da própria Square Enix, tanto por questões afetivas como lucrativas. O jogo vem recebendo um remake separado em três partes que continua a manter a chama acesa de Cloud, como também inúmeros spinoffs incrivelmente competentes.

Xenogears

Xenogears possui uma trama incrivelmente complexa, com referências a Freud, Carl Jung e simbolismo religioso. Nosso protagonista, carinhosamente conhecido como o Assassino de Deuses, sofre de ansiedade e depressão, além de ter múltiplas personalidades. A história em desenvolvimento nos mostra como traumas e experiências passadas (além de uma conversa fiada com Deus) podem definir nossas vidas.

O jogo apresenta um inovador combate por turnos com um sistema de combo que até hoje eu luto para entender. Escolher o ataque certo pode desbloquear movimentos poderosos de Deathblows (Golpes Mortais), enquanto a batalha de Gears coloca robôs gigantes na rinha, desde que tenham combustível suficiente. Xenogears consegue mesclar um grande elenco, mechas gigantes e sentimentos de crise existencial em um dos melhores RPGs não apenas da era do PS1, mas de todos os tempos.

Ficou uma descrição bem técnica, não é? Não me arrisco aprofundar nas complexidades subjetivas ou nas canonicalidades psico-sociais do jogo. Sou familiarizado com minhas limitações. Infelizmente, Takahashi não conhecia as dele e o CD 2 foi uma sem-vergonhice sem tamanho, o que é uma pena.

Final Fantasy IX

Frequentemente negligenciado em favor do Final Fantasy VII, há muitos que consideram este o maior jogo da imponente série da SquareSoft. Marcou um retorno ao tradicionalismo de Final Fantasy com um tema de alta fantasia e uma trama conectada a cristais poderosos, antagonistas maníacos e arcos emocionais.

Mesmo dentro de seu cenário medieval, Final Fantasy IX tem um estilo único em execução, com um elenco encantador e sistemas de combate/progessão habitual. Em comparação com algumas mecânicas complexas apresentadas em outros jogos de Final Fantasy, o nono título pode ser visto como um pouco simplista, embora nivelar personagens e desbloquear novas habilidades seja mais gratificante e agardável do que ficar dez minutos usando Draw.

Este também foi o último jogo da série a apresentar um mapa-múndi livremente explorável, o que me magoou, embora compreenda. Harvestella tentou retornar às raízes com um mapa-múndi aberto, para quem interessar.

Chrono Cross

Chrono Cross é como uma criança mais nova que se espera realizar grandes feitos simplesmente porque seu irmão mais velho foi um pioneiro. Portanto, acho justo dizer que Chrono Cross sempre teve uma montanha quase intransponível a se superar, embora essa nunca tenha sido sua intenção. O jogo não queria vencer seu irmão mais velho. Apenas desejava sentar-se ao lado dele para apreciar o horizonte no mais alto dos panteões.

Para alguns, Chrono Cross superou as expectativas e para outros, nunca será Chrono Trigger. Na verdade, a melhor maneira de experimentar Chrono Cross é deixar quaisquer preconceitos e comparações de lado, simplesmente aproveitando o jogo pelo que é e não pelo legado que carrega sobre seus ombros.

Se assim o fizer, você mergulhará em uma trama envolvente e imprevisível que se move entre universos paralelos, apresentando um elenco rico de mais de 40 personagens, cada um com suas próprias motivações – embora algumas rasas como um pires. Na batalha, Chrono Cross também inova, apresentando um sistema de estamina e grade de elementos. Você pode ser um jogador de alto risco, alto retorno, sacrificando precisão por dano ou jogar com parcimônia enquanto constrói uma área de elementos para atacar com força em sua próxima habilidade especial.

Hoje em dia temos a versão Chrono Cross: The Radical Dreamers Edition para plataformas modernas, caso seja do seu interesse.

Breath of Fire III

Meu RPG favorito de todos os tempos. Breath of Fire III foi o passo final para me converter num apaixonado por RPGs, virando a chave e permitindo-me compreender a essência do gênero. Coincidiu também do protagonista se chamar Ryu (eu!), logo após eu ter me encantado com o Shiryu de Cavaleiros do Zodíaco e com o animal lendário que ele representa, catalisando a química.

O desenvolvimento de Ryu em Breath of Fire III é colocado em perspectiva para nós. O seguimos da infância até a vida adulta enquanto aprendemos, juntos, a viver e apreciar o mundo pelo que ele é. Quando ele é adotado e ganha dois irmãos, nós também ganhamos uma família. Quando ele é perseguido só por ser quem é, mas resolve salvar Nina mesmo que isso lhe bote em perigo, nós sentimos seu altruísmo. Em cada luta, em cada evolução, seja na sua postura de combate ou nas transformações, nós crescemos juntos. É diferente de outros JRPGs onde o protagonista já tem um passado misterioso, esquecido ou genérico.

Mentira. Estou sendo totalmente parcial. O jogo é até clichê. Mas como eu olho para ele com um olhar nostálgico e com um sentimento que beira uma perigosa bipolaridade e características de interação parassocial, tudo parece um conto de fadas feito sob medida para mim. Mas é bom, pode confiar!

O combate de turnos mantém o padrão da série, mas é refinado. Breath of Fire III não pensou muito fora da caixa no departamento de jogabilidade, adicionando elementos conservadores como aprendizado de habilidade do inimigo e a mecânica estupenda de Genes. Os Genes são um livro de receitas para destruição em massa dos nossos inimigos, enquanto os ingredientes são almas de dragões mortos que transformam Ryu nas mais poderosas e variadas formas dracônicas.

Fonte: Adaptado do meu artigo original em TheSixthAxis.


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6 respostas para “Os 10 melhores RPGs de Playstation 1”.

  1. RPGs icônicos que entretiveram e ajudaram a moldar caráter de jovens e adultos.

    Curtido por 1 pessoa

    1. Não ajudou a moldar muito o meu, não hahahahah acabei me tornando um DEGENERADO

      Curtido por 1 pessoa

      1. Um GERADOR DE conteúdo.

        Curtido por 1 pessoa

  2. Excelentes RPG’s, minha infância/ adolescência resumida em um post. É difícil ter um TOP 10 100% genuíno na era do PlayStation 1. Legend of Mana, Alundra, Valkyrie Profile, e para mim Tales of Eternia. Mas ficou excelente o teu TOP 10, sem dúvida BoF III é o santo graal do ps1.

    Curtido por 1 pessoa

    1. Ohh obrigado, meu anjo! Exato, existem muitos RPGs bom na época do Play 1, dificilmente uma lista vai ser democrática! Importante é sabermos apreciar tudo que o console tem a oferecer

      Curtido por 1 pessoa

  3. Xenogear é o mais brabo de todos… e põe complexa nessa historia!!!
    jogabilidade com combos, e ainda a alteração com Gears durante a batalha e tambem no cenario… sensacional!! espetacular !!

    Curtido por 1 pessoa

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